Construção do meio-casco

A utilização de meios-cascos para definir e apurar a configuração geométrica dos navios é uma prática tão antiga como actual, apesar da inclusão cada vez maior das tecnologias de desenho bi e tridimensional na prática construtiva.
Os meios-cascos servem para desenhar os planos geométricos dos navios e incorporam grande parte dos mistérios da construção. Eram geralmente muito bem guardados pelos mestres construtores que costumam destruí-los para evitar que os seus segredos viessem a cair nas mãos de um rival.
Os modelos de meios-cascos são construídos a partir de um conjunto de pranchas sobrepostas.
Por vezes, alterna-se a espécie de madeiras para tornar mais evidentes as linhas de água do navio.
Quando se desmonta ou corta o meio-casco no sentido horizontal obtém-se uma série de formas que correspondem às secções horizontais do plano geométrico.
Se se desfiar o meio casco na vertical obtém-se os contornos das secções transversais do navio e o formato das balizas fica assim posto em evidência tanto naquilo que são as suas dimensões máximas e mínimas num determinado segmento do casco como nos ângulos determinantes do arrepiamento do navio.


O desenho das secções horizontais do plano geométrico dá-nos a forma e a espessura de cada uma das pranchas horizontais do meio casco. Usa-se um gabarito dos planos, que foi plastificado, para desenhar os contornos destas peças em madeira de abeto. Esta madeira tem pouca densidade e trabalha-se bem, mas tem o inconveniente de empenar com facilidade no sentido transversal tomando a configuração de uma telha.

Ensaio geral com todas as peças recortadas antes da colagem com cola de madeira.


A multiplicação do número de grampos no processo de colagem das várias peças é uma exigência da tendência natural do abeto para “entelhar”. Após algumas horas de secagem, os grampos são removidos e o meio casco está pronto para a fase do desempolamento.

Começou-se por desfazer o efeito de degrau entre as várias tábuas com a ajuda de uma lima rotativa. A máscara é de uso obrigatório neste processo, tendo em conta a quantidade de madeira que é necessário remover e que desaparece do meio-casco em forma de pó.

O trabalho de desempolamento continua agora com a lixadeira delta e com a lixadeira roto-orbital. Começa-se por “vestir” as máquinas com lixas de grão grosso que vai diminuindo de espessura à medida que o trabalho vai avançando.


A última fase do trabalho faz-se à mão para obter uma superfície harmoniosa. O meio casco é agora colado sobre uma placa de contraplacado onde estão desenhadas as linhas que correspondem a cada uma das balizas da construção.

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